sábado, 8 de agosto de 2020

 “Candidato Mula” 

Segundo o mundoeducação.bol.uol.com.br/biologiamula é o nome dado ao filhote fêmea do cruzamento entre o jumento, também chamado de asno ou jegue (Equus asinus), com a égua, ou cavalo fêmea (Equus caballus). Quando se trata de um macho resultante desse cruzamento, falamos em burro.

    Como são animais resultantes do cruzamento entre espécies com número de cromossomos diferentes, apresentando número ímpar de cromossomos, burros e mulas tendem a nascer estéreis.

    Mas o que o termo mula tem a ver com candidatos que disputam as eleições municipais, estaduais e federais? Vou tentar explicar:

    No final da década de noventa e no início dos anos dois mil, o Sr. Milton Giancoli, pertencente a uma das famílias tradicionais de Ibiúna e que chegou a ser Secretário Municipal em mais de uma gestão, popularizou a palavra "mula" em um jornal que ele mesmo editava e publicava, não ao se referir a um animal quadrúpede, mas sim, ao candidato a vereador que disputava uma eleição simplesmente para somar votos ao chamado quociente eleitoral do partido, mas não ganhava a eleição. Este era apenas um “candidato mula” que carregava votos para eleger aqueles que eram mais bem votados dentro do grupo que disputava uma vaga ao Legislativo Municipal.

    Esse termo “candidato mula” vai entrar novamente em moda nas próximas eleições. E vai até extrapolar. Agora, além do “candidato mula” vai haver também o “partido mula”. O partido que vai apenas apoiar um candidato a prefeito, e não vai receber os votos de legenda.

    E para aqueles que não conseguirem se eleger, me contem depois como foi participar como “candidato mula”.

Professor João Pereira Leite

 


domingo, 19 de julho de 2020


Escola melhor, pós-covid

            Estamos no meio do furacão, ainda com escolas fechadas e com a incerteza do que pode acontecer quando reabrirem, mas mesmo assim educadores dizem que é possível já pensar em alguns bons aprendizados que a pandemia deve deixar para a educação. Eles visualizam uma escola melhor pós-covid no Brasil, partindo do princípio de que podemos reconstruir um mundo melhor depois das crises. Pode ser difícil, mas convém acreditar.
            Um dos mais óbvios legados do coronavírus é a tecnologia. Professores costumavam ter medo dela. E medo, principalmente, de que ela os substituísse. Mas, ao contrário, a pandemia tem mostrado o grande valor de um professor e como é difícil ensinar. Mas também que o computador, o celular e a internet podem ser aliados e ajudar na aprendizagem e no aumento do interesse dos alunos.
            Mais importante que a tecnologia, no entanto, é a mudança que tem acontecido na relação entre famílias e escolas. Em nota técnica sobre o assunto, o Todos pela Educação chama o movimento de “aproximação forçada”, mas que pode “dar início a uma cultura de diálogo e parceria contínua”.
            Pesquisas no mundo todo já mostraram melhora na aprendizagem das crianças quando os pais se interessam pelos seus estudos, perguntam sobre as lições, frequentam a escola. Professores também constantemente reclamam da distância dos pais, que passaram a delegar toda a educação à escola.
            Com a pandemia, mesmo as famílias mais desinteressadas ou mais ocupadas estão tendo de compartilhar o momento de ensino remoto em casa. Mães ouvem vez ou outra a aula dada pela professora pelo Zoom, ajudam em atividades mais complicadas, pais folheiam os materiais usados pelos filhos. Veem – ou se lembram – como é complicado ensinar e aprender.
            Mas essa relação nova surgiu no susto. Cabe agora às escolas continuarem a estimular os responsáveis a frequentar os compromissos escolares e, principalmente, a manter alto interesse e participação na vida escolar dos estudantes, diz o Todos pela Educação.
            Muito se fala também na valorização das chamadas habilidades socioemocionais. Elas fazem parte da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que é a diretriz sobre o que deve ser aprendido nas escolas, mas raramente consegue competir com o conteúdo de Português ou Matemática. Não há tempo ou mesmo técnica para ensinar os estudantes a terem empatia, foco, resiliência, tolerância ao estresse. Mas, depois de meses enfrentando uma pandemia, com desemprego dos pais e adoecimento de pessoas queridas, adolescentes e crianças voltarão com necessidades além das matérias perdidas.
            O Instituto Ayrton Senna, que estuda as habilidades socioemocionais, divulgou um guia orientando os professores sobre o assunto no retorno às aulas presenciais. Diz o documento que para o restabelecimento da sensação de segurança é importante, por exemplo, que seja aberto espaço para discussão sobre a veracidade de informações sobre a pandemia. “Se esses assuntos forem evitados, pode-se acabar gerando um crescimento da sensação de insegurança.”
            O acolhimento dos alunos deverá ser feito também de maneira interdisciplinar. Psicólogos e assistentes sociais precisam trabalhar com professores na volta às escolas – e aí está mais uma experiência que deveria ser continuada após a pandemia. Hoje é raro encontrar uma escola com psicólogos, apesar de lei que exige o profissional nas redes públicas.
            Para algo realmente mudar para melhor depois da grande desgraça que o País tem vivido, escolas particulares públicas não podem pensar apenas em medidas emergenciais. Há lições que o coronavírus traz em todas as áreas, e a educação – logo ela – não pode deixar de aprendê-las.


Fonte: O Estado de S. Paulo, 19 Julho de 2020 – Metrópole – A17.
Colunista: RENATA CARFADO – É REPÓRTER ESPECIAL DO ESTADO E FUNDADORA DA ASSOCIAÇÃO DE JORNALISTAS DE EDUCAÇÃO (JEDUCA) - ESCREVE QUINZENALMENTE
Acesso em 19/07/2020 – 14h15min.