terça-feira, 10 de julho de 2012

VOTO CONSCIENTE NÃO É VOTO PERDIDO

           VOTO CONSCIENTE NÃO É VOTO PERDIDO          


          Caro leitor e eleitor, em 2024 você estará elegendo o próximo prefeito municipal. Vários nomes já estão sendo especulados. Você já pensou nas consequências que seu voto poderá representar para os demais habitantes do seu município? Pois é, se ele for para aquele candidato que tem compromisso com a população, tudo bem. Caso contrário, virá o arrependimento e uma espera de mais quatro anos para tentar corrigir a grande “besteira” que você fez.
          Pois bem, você se diz esperto, inteligente, mas acaba entrando na onda de amigos e julgando os políticos como se todos fossem iguais, pense e reflita sobre o seguinte pensamento de Bertold Brecht: “O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas”.
          Nas próximas eleições em que haverá vários candidatos disputando o cargo de prefeito, gostaria que você fizesse uma reflexão, perguntando a si mesmo: qual dos pré-candidatos tem compromisso com o povo, e qual tem compromisso apenas consigo mesmo. Posso te dar uma ajuda....
          Quando iniciar oficialmente a campanha eleitoral, comece analisando primeiramente os seus planos de governo. Qual deles apresentará propostas realizáveis para o progresso e melhoria das condições de vida da população? Analise com bastante clareza aquele que realmente representará uma mudança e aquele que representará apenas uma continuidade. Se você acha que em seu município está tudo perfeito, não falta emprego, a educação é de qualidade, a saúde não precisa ser melhorada, as estradas estão bem conservadas, o futuro de seus filhos não será afetado, o município está crescendo e se desenvolvendo mais do que outros da sua região, então vote pela continuidade ou pela volta daqueles que já foram prefeitos. Caso contrário, vote pela mudança. Mas e daí, como saber quem realmente representará a mudança?
          Comece pesquisando quais são os possíveis patrocinadores da campanha de cada candidato? Quais são seus bens atuais e o que ele já possuía antes de ingressar na carreira política. Não basta parecer bonzinho e diferente, é preciso ter vontade política para fazer a transformação de ideias em realizações concretas para a população.
          Para finalizar, peço que você procure saber qual deles terá apoio de deputados influentes para garantir recursos para o município? Qual deles montará seu plano de governo discutindo propostas com os vários setores da sociedade? Pergunte também qual será o projeto mais viável para a valorização do funcionário público, para a melhoria do transporte, da segurança, da saúde, da educação, para a geração de empregos, para a habitação, para a recuperação das estradas, para o esporte, o lazer, a cultura, o turismo, o meio ambiente, para as mulheres e para os nossos jovens.
          Muito bem! Se, depois de tudo isso o candidato que você escolher também não possuir ficha suja e nem usar boatos e mentiras para difamar seus concorrentes, então posso lhe garantir que seu voto será consciente, pois você não é um analfabeto político.
                                                                                                                        Professor João Pereira Leite
A Gramática, a Literatura e o Texto
João Pereira Leite
          Esta reflexão é importantíssima, pois nos ajuda a melhorar a prática de sala de aula. Hoje se fala muito em leitura e produção de textos. Todo professor de Língua Portuguesa defende esta tese, mas na prática, a maioria não realiza.
          Esse tripé, gramática, literatura e texto, são importantes e devem ser transmitidos aos alunos. O que não se deve fazer é aplicar a gramática simplesmente descontextualizada do texto. E quando falo em texto, pode ser uma simples frase desde que contextualizada e que esteja transmitindo uma informação do conhecimento de todos, diferentemente do que ocorria há vinte ou trinta anos atrás. Muitos da minha geração aprenderam a gramática pura, como se todos fôssemos um dia ser professor de Língua Portuguesa. A gramática deve ser ensinada para o conhecimento na hora da escrita, como elementos de coesão de um texto.
          Quanto à literatura, esta deve ser ensinada com foco no período literário, composto por autores e obras, com suas respectivas características e deve haver comparação com os dias atuais, para que o aluno possa perceber as diferenças e até mesmo as semelhanças entre uma obra trovadoresca, da Idade Média, com outras contemporâneas. 
          Já o texto, deve ser um complemento da gramática e da literatura. É óbvio que compete ao professor passar o conteúdo correspondente às características de cada gênero e tipologia textual, para que de posse dessas informações o aluno desenvolva suas competências e habilidades de produção, respeitando a faixa etária e as séries correspondentes. O que não se deve é trabalhar apenas o texto narrativo, o descritivo e dissertativo, como acontece com a grande maioria dos professores. Faz-se necessário mostrar ao aluno quais são os tipos de texto que ele convive em seu meio. Por isso, o professor deve “passar a receita” de como se produz cada tipo de texto com suas principais características.
          È interessante lembrar que antes de ser trabalhada a produção dos diversos tipos de textos, deve-se ler com os alunos cada um deles. Nesse caso, o aluno vai produzir aquilo que já conhece. Algo que já foi detalhado em sala de aula pelo professor.
          Nos dias atuais em que tudo gira em torno da Internet e do Celular, cabe aos educadores e de modo especial, aos professores de Língua Portuguesa, começar a trabalhar mais a leitura dentro da sala de aula. Se o foco continuar sendo apenas a leitura extraclasse, o aluno, principalmente da rede pública que possui pouco acesso a livros, continuará sem essa ferramenta e consequentemente distante da leitura.
          Pode-se afirmar que o professor da rede pública encontra mais dificuldade para realizar esse trabalho devido ao número elevado de alunos por turma, mas isso não pode ser usado como desculpa para não realizar essa atividade com seus alunos.
          Nos cursos de licenciatura das universidades atuais, pouco ou quase nada se aprende do cotidiano de uma sala de aula. Há vários anos, muitos professores vem apenas copiando receitas prontas de outros mais experientes e aplicando em suas aulas, sem obter os resultados esperados. Para mudar essa realidade no ensino da língua, há necessidade da oferta de novos cursos de especialização aos docentes da rede pública para que estes possam sair da mesmice, se atualizar e realizar novas práticas em sala de aula de acordo com a necessidade dos alunos do século XXI.

Obs.: Artigo postado em atividade do curso de Pós-Graduação da UNICAMP/REDEFOR em 20/11/2010.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

CONHEÇA O PROFESSOR JOÃO PEREIRA LEITE

MEMORIAL
João Pereira Leite
            Nascido em um bairro da zona rural, no município de Ibiúna, estado de São Paulo, o professor João Pereira Leite, filho de pais analfabetos, teve seu primeiro contato com um lápis e um caderno aos oito anos, em seu primeiro dia de aula, na Escola de Emergência do Bairro Pereiras.
            Quando completou nove anos já estava matriculado numa escola no centro da cidade, onde concluiu o antigo primário. Esta escola era bem diferente daquela sala multisseriada em que fez a sua primeira série. Na verdade não era bem uma escola o seu primeiro local de contato com as letras. A sala de aula funcionava em um cômodo de uma residência, construída de barro, popularmente conhecida como pau-a-pique, localizada num bairro muito pobre. Não havia energia elétrica e muito menos água encanada. O banheiro ficava do lado de fora em um barranco e não havia fossa, os dejetos eram lançados ao ar livre. Os porcos e galinhas que viviam soltos é que faziam a festa. Não havia merenda escolar. Para se alimentar, na “hora do recreio”, levava arroz, feijão e ovo frito numa lata de leite em pó.
            O que dava ânimo e força para continuar seus estudos é que sempre sua mãe dizia: “um dia meu filho vai ser professor”. E não é que ela tinha razão.
            Dona Eva, que Deus a tenha! Não sabia ler e nem escrever, mas exigia que o filho caçula estudasse, pois os outros quatro filhos mais velhos não tiveram essa oportunidade. Não havia escola próxima na infância deles.
            O tempo passou, e o antigo ginásio estava para ser concluído. Faltavam menos de dois meses para a Dona Eva ver o seu filho receber o "diploma" da 8.ª série. “Meu filho já é quase um professor”, - dizia ela. Mas Deus não permitiu que ela entrasse com seu filho para receber o seu primeiro diploma.
            Seu último filho João foi uma gravidez de risco, pois a Dona Eva já estava com 44 anos quando deu a luz. Esse seu filho caçula era “raspa de tacho”. E desde seu nascimento sua saúde nunca mais foi a mesma. Deu a luz em um parto normal, acompanhada por uma parteira, como era tradição do lugar. Morreu aos 59 anos, no final de outubro do ano de 1981. A formatura da 8.ª série aconteceu em dezembro, mas não teve a mesma emoção que deveria, pois faltava a Dona Eva, a mãe que mesmo analfabeta cobrava as lições de casa e queria ver seu filho professor.
            Nesse tempo, poucos faziam o antigo colegial, pois precisavam trabalhar para ajudar nas despesas da casa.
            No município de Ibiúna, onde residia, havia apenas uma escola com uma classe de primeiro colegial, à noite, onde somente entravam aqueles alunos que passassem por uma prova de vestibulinho. Eram muitos concorrentes para poucas vagas. Os alunos que não conseguiam, teriam que esperar pelo próximo ano.
            Foi nessa época que graças a um professor chamado Jacob Rodrigues de Camargo que lecionava Língua Portuguesa, provavelmente no estilo do Colégio Pedro II, somente com conteúdos gramaticais e quase nada de textos preparou toda a turma da sala da 8.ª série A da E E  Prof. Roque Bastos e garantiu que todos aqueles que precisavam estudar à noite passassem no vestibulinho e garantissem vaga.
            Diferentemente dos anos anteriores, do antigo ginásio, as aulas de Língua Portuguesa não eram mais de gramática, mas somente de Literatura. No primeiro ano, iniciou-se com a origem da Língua Portuguesa, o Trovadorismo e assim sucessivamente. O primeiro ano, apesar de trabalhar na roça o dia todo e frequentar as aulas à noite muito cansado, passou rápido. Apesar de ficar para a semana de recuperação, teve um final feliz. Mas o pior estava por vir. Sem a mãe para apoiar e cobrar nos estudos, a vida escolar ficou em segundo plano. Por três anos consecutivos foram realizadas as matrículas, mas logo nos primeiros meses abandonava à escola. As desculpas eram sempre as mesmas. “- Saio tarde do trabalho”. E com isso o tempo foi passando. Após os três anos de abandonos consecutivos no decorrer do ano letivo, foram mais cinco sem estudar, sem nem sequer realizar a matrícula. Agora o trabalho já não era mais na roça, mas no comércio, numa casa de produtos de limpeza em que, mais tarde, viera a ser conhecido em todo o município como “João da Maguinha”.
            Foi nesse período que apareceu a oportunidade de atuar como professor de catequese na igreja matriz da cidade. Ali estava o início de tudo. As aulas fizeram lembrar-se de sua mãe e do sonho de um dia vir a ser professor. E como era bom ouvir pronunciar a palavra “professor” da boca de seus alunos de catequese.
            Agora já com seus vinte e poucos anos, só restava frequentar o curso Supletivo, atual EJA que trazia uma vantagem, poderia concluir o 2.º e o 3.º colegial em apenas um ano. E foi o que aconteceu.
            Mesmo após vários anos sem estudar, a escola não havia mudado em nada. As aulas continuavam com questionários de perguntas e respostas. Nas aulas de Língua Portuguesa, ensinava-se gramática tradicional, a literatura era dividida em períodos e a leitura obrigatória eram livros clássicos com resumo para nota. A vontade de terminar o antigo colegial para cursar uma faculdade falou mais alta, e mesmo trabalhando o dia todo sempre estava com pique para frequentar as aulas à noite. E o tempo novamente passou rápido. A faculdade não era mais um sonho. Após um vestibular concorrido e a publicação do sobrenome errado no jornal para dar mais emoção, a matrícula no curso de Letras na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Sorocaba, atual UNISO, estava efetuada.
            Foi a partir daí que, mesmo sem frequentar nenhum dia de aula na faculdade, o novo universitário era convidado a entrar na sala de aula, devido à falta de docentes habilitados e cometer os primeiros erros como professor. Teve que aprender, ou melhor, sem formação nenhuma, teve que passar conteúdos para alunos de 5.ª a 8.ª séries. Isso aconteceu durante os três anos de faculdade. Com a falta de tempo, preparava as aulas nos finais de semana e até mesmo no ônibus, pois de sua cidade até a faculdade, em Sorocaba demorava uma hora e vinte minutos, aproximadamente.
            Após a conclusão do curso, em seu primeiro ano já formado em Letras, foi convidado para atuar como Professor Coordenador da Área de Língua Portuguesa num projeto inovador da Secretaria de Estado da Educação, nas chamadas "Escola Padrão", no início da década de 1990. Foi nesse período que em contato com professores mais experientes pode aperfeiçoar suas práticas e mesclar a gramática tradicional com pouquíssimas aulas de leitura e produção de texto. Ficou afastado totalmente de sala de aula por aproximadamente oito anos exercendo a função de Professor Coordenador Pedagógico no Período Noturno em uma outra escola Estadual, onde somente nos últimos três anos voltou a atuar em sala de aula como professor. Trabalhou concomitantemente por cinco anos, entre 1997 e 2001, no CK, um colégio particular que tinha o apoio didático do Sistema Didático Etapa, deixando este emprego para exercer o cargo de Diretor de Escola, também na rede pública, em São Roque.
            Além de professor, é diretor de escola na rede municipal de ensino de São Roque. Já atuou como Supervisor de Ensino designado e também já foi Secretário Municipal de Educação no Município em que reside, Ibiúna.
             Possui formação em Pedagogia pela faculdade de Ciências e Letras de Registro e em Letras pela Universidade de Sorocaba. Cursou Pós-Graduação em Gestão Escolar pela Universidade Anhembi Morumbi, é Pós-Graduado em Língua Portuguesa pela UNICAMP e em Direito Educacional. 

                                                                              Observação: Artigo postado em atividade do curso de Pós-Graduação da UNICAMP/REDEFOR e atualizado em outubro de 2023.

domingo, 27 de maio de 2012

Secretário Municipal de Educação vai a Brasília

           Após a reestruturação da Secretaria Municipal de Educação com a criação de cargos para a formação de uma equipe pedagógica com Diretores de Divisão de Educação Especial, Educação Infantil, Ensino Fundamental, Projetos Educacionais, Administração de Creches e Professores Coordenadores para toda a Rede Municipal de Ensino e, em busca de sua autonomia para se tornar uma Rede de Ensino autônoma, o atual Secretário municipal de Educação de Ibiúna João Pereira Leite esteve nos dias 21 e 22 de outubro de 2009 com o Ministro de Educação Fernando Haddad, em Brasília, em busca de recursos para a melhoria da infra-estrutura e formação continuada para os profissionais da Educação Municipal.
          O encontro com o Ministro Educação Fernando Haddad e sua equipe técnica foi programado e agendado pela representante do MEC no Estado de São Paulo, a professora e ex-deputada federal Iara Bernardi (PT) para o dia 21/10/2009, às 14 horas. Nesse encontro que terminou por volta das 19 horas, o Secretário Municipal de Educação João Pereira Leite teve a oportunidade de se reunir individualmente com cada setor do Ministério da Educação para discutir e analisar todos os projetos que haviam sido protocolados e solicitados antecipadamente de acordo com o PAR (Plano de Ações Articuladas) concluído pela equipe da Secretaria, no último mês de agosto daquele ano.
          Dentre os projetos protocolados, cinco deles tiveram atenção especial da equipe do Ministério da Educação: O Pro-Info, programa tecnológico que distribui computadores. Nesse programa estão previstos a entrega de mais de 500 computadores para toda a rede municipal até o final do primeiro semestre de 2010, além de um Núcleo de Tecnologia Educacional-NTE para a formação de profissionais da Educação que atuarão em sala de aula. Para ser atendido, foram enviados 03 fotos de cada escola do município, sendo uma da fachada, uma das instalações e outra do teto. Para maior segurança, todas as escolas do município estão recebendo grades nas portas e nas janelas e está sendo firmado um seguro que será custeado pela prefeitura; Pro-Infância, que prevê a construção de 05 escolas na zona rural e 05 na zona urbana, no valor de 1,2 milhão cada. A prefeitura municipal entrará apenas com o terreno de aproximadamente dois mil metros quadrados de área para cada construção. Após a finalização da primeira obra e sua prestação de contas, o município já poderá pleitear a segunda construção; Caminho da Escola, esse programa financia ônibus escolar para o município e, devido à extensão territorial do município, há grande probabilidade de que seja encaminhado um ônibus de 42 lugares gratuito, segundo reunião junto ao gabinete do Senador Aluisio Mercadante (PT); Reforma e Ampliação das Escolas que prevê a construção de salas para biblioteca, laboratórios de informática e de Ciências; Educação Inclusiva-AEE, neste programa, Ibiúna já foi contemplada com 09 salas de Recursos Multifuncionais nas escolas centrais com equipamentos e material didático pedagógico específico para alunos da educação especial, como teclados em braile para deficientes visuais, dominó de animais em língua de sinais para deficientes auditivos e outros acessórios que beneficiarão os alunos.
          Houve também a assinatura do convênio para a formação gratuita de professores por meio da Plataforma Freire. Esse programa que tem inscrição Online, foi construído pelo MEC para ser uma ferramenta de fácil acesso do professor. Nele, os professores vão encontrar uma série de dados, entre eles, as tabelas com a previsão de oferta de cursos, as instituições e as modalidades de cursos para o período 2009 a 2011.
          Segundo o secretário João Pereira Leite, após três meses de trabalho, os compromissos assumidos por ele estão começando a ser concretizados, pois hoje professores efetivos da Rede Municipal ocupam cargos de Assessorias na Secretaria Municipal, de Diretores de Divisão de Ensino, de Diretor e Vice-diretor de Escolas e também de Coordenadores Pedagógicos. E ressalta: “A moralidade, a legalidade, a transparência e a ética são marcas da atual Secretaria Municipal de Educação”.

Obs.: Artigo publicado no jornal Voz de Ibiúna de 28/10/2009.


 

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Milagre, Fé e Tradição: Viva São Sebastião!
Por João Pereira Leite
            Há 93 e três anos é a mesma coisa. O povo, movido pela fé no Santo Protetor, São Sebastião, caminha até o sertão de Ibiúna, no Bairro do Pocinho, para demonstrar o seu amor ao mártir que sempre intercede junto do Pai para que os pedidos fervorosos do povo que a ti recorre, sejam atendidos. Parece um pouco longe, pois são mais de trinta quilômetros, a contar do centro da cidade até a gruta que fica protegida por enormes pedras, e que por si só transforma aquele lugar num ambiente de oração.
Há aqueles curiosos que sempre perguntam: o que leva tanta gente a esse lugar todos os anos? Como explicar esse fenômeno? Pois é, isso não se explica, isso se vivencia. Para os olhos humanos se trata apenas de um caminhar, uma aventura diferente, um encontro de amigos, mas para os olhos da fé, o sentido é outro. É a busca de algo diferente, um recarregar de energia espiritual que só quem participa consegue sentir e pode explicar.
E é isso que faz com que o povo mantenha essa tradição por muitos e muitos anos. É verdade também que alguns apenas entram no ritmo da festa por influência de amigos e acabam contribuindo para o aumento desse número de pessoas.
A romaria de São Sebastião, como é popularmente conhecida, colabora para o resgate de algo muito importante para toda a família católica, que ultimamente vem sendo deixado de lado nas chamadas “famílias modernas”: a busca do credo religioso que parece estar ficando em segundo plano.
Percebe-se, portanto que em vez das tradicionais orações ao sentar à mesa na hora das refeições e, à noite antes de dormir. Do compromisso de acompanhar os filhos nas missa aos domingos e, de encaminhá-los para a preparação nas aulas de catequese para os sacramentos da primeira eucaristia, da confissão e do crisma, seus responsáveis estão incentivado-os apenas ao consumismo e às vaidades da vida moderna como tevês por assinatura e a participarem das redes sociais pela Internet.
Enfim, fala-se muito em famílias desestruturadas, crianças praticando bullying, adolescentes agressivos e com mau comportamento na escola, jovens que se perdem nas drogas e adultos que partem para o mundo do crime. Tudo isso ocorre porque está faltando Deus nos lares dessas pessoas. O único meio para acabar com esse “mal do século XXI” deve ser o resgate das práticas religiosas. E para os católicos um dos caminhos é conhecer a história dos santos que deram testemunhos de vida durante suas passagens pelo mundo dos homens para poder venerá-los e tê-los como seus intercessores junto a Deus, por meio de suas orações, como é o caso do glorioso São Sebastião.
                                                                                                                    Postado em 24/05/2012.

quarta-feira, 28 de março de 2012

IBIÚNA: história, memórias e causos

IBIÚNA: História, Memórias e Causos


Como esta cidade está diferente. Já não é mais a mesma. Falar de Ibiúna para quem já viveu mais de meio século de vida acompanhando sua trajetória político-administrativa e social não é difícil, mas também não é tão fácil assim. Mas vamos lá.                  Segundo o historiador José Gomes (Linense) em seu livro “Y Una Noiva Azul – História do Município de Ibiúna”, a etimologia do nome Ibiúna é indígena. Una é um vocábulo tupi-guarani que significa “negro”, “escuro”, “preto” e Ybi significa “terra”. Assim sendo, Ibiúna na linguagem tupi-guarani significa “terra-preta”. O rio que banha a cidade, o “rio Una” é que lhe deu o nome primitivo de Una. Os mais antigos, ao pronunciarem o nome anterior do município, usam a expressão Yuna e apenas uma parte da população usava a pronúncia Una. Como existiam dois municípios com a denominação Una, sendo um no Estado de São Paulo e outro no Estado da Bahia, um teria que ter a sua denominação mudada ou alterada. Entretanto o município baiano por ser mais antigo e considerado, na época, de maior valor histórico, herdou em definitivo a denominação de Una. Mas pelo decreto-lei estadual número 14.334 de 30 de novembro de 1944, o município paulista de Una passou a denominar-se Ibiúna.
         O município foi colonizado por portugueses, espanhóis, italianos, japoneses e árabes. Surgiu a partir de uma fazenda que tinha como ponto central uma capela onde hoje se encontra a Igreja Matriz de Nossa Senhora das Dores.
Para os mais velhos, antes é que era bom de viver neste lugar. Como era gostoso, aos domingos, após a missa ouvir a banda tocar no coreto que ficava na praça da matriz.
Aquela sim que era praça de uma cidade do interior. Os papos rolavam até altas horas e quase todos se conheciam. Às vezes uns perguntavam – “mas você é gente de quem”? Lá estavam os compadres falando de futebol, as comadres conversavam de tudo um pouco. Falavam das lavadeiras da rua da bica. As crianças podiam brincar de forma tranquila, pois não havia degraus e elas corriam de um lado para outro. Carros, quase nenhum. Às vezes um ou outro descia a Rua XV de Novembro. É isso mesmo, os carros desciam por essa rua que hoje, só sobe. Se um desses carros tivesse o pneu furado, era só procurar o “seu Zorinho”, único borracheiro de Ibiúna. Ele estava sempre pronto, não importava o horário.
         O senhor Ozório do Amaral, que Deus o tenha, foi uma das figuras mais brilhantes da nossa terra! Quem não se lembra do seu lado artístico, na figura do palhaço “Periquito” que com suas bonecas animava as quermesses e festas juninas. Com certeza, lá no céu ele continua animando seus amigos que já partiram com ele. E porque não, retomando a dupla com outra figura marcante a “Chica”, nome artístico da brilhante cantora Maria Aparecida Abibi, com quem fazia dupla no antigo cinema que ficava na esquina da praça da matriz, onde hoje funciona uma farmácia. Pois é, naquele tempo Ibiúna tinha um cinema com projeção manual (em rolo) dos filmes e hoje, em pleno século XXI, com toda tecnologia de ponta, quem quiser ver um filme, precisa ir para as cidades vizinhas.
         Por que será que os políticos gostam de mexer na praça? Quase todos querem deixar sua marca, mas ela fica cada vez pior. Com tanta coisa mais importante para fazer mexem sempre onde não devem.
Agora, convenhamos, para nós quarentões, cinquentões e outros “ões” aquela pracinha que tinha uma fonte com sapinhos lançando água pela boca é a que ficou marcada. Como era bom. Embora não houvesse mais o coreto e nem o cinema, havia o “passeio trocado” em volta do chafariz. Não sei de quem foi a ideia, mas era muito divertido. Nesse passeio, os homens caminhavam de um lado e as mulheres caminhavam do outro. Ali rolavam as paqueras, pois para completar uma volta inteira na praça as pessoas se encontravam com tantas outras. Os mais velhos ficavam sentados nos bancos, enquanto os mais jovens curtiam a noite trocando flertes. Muitos casamentos começaram nessas trocas de olhares do “passeio trocado”.
         Bem ao lado praça, ficava o Soci, o único clube da cidade. Pois é, era o único, mas pelo menos havia um clube no centro da cidade. Lá, embora fosse um lugar frequentado exclusivamente pela elite ibiunense, ficou marcado pelos grandes bailes de época e de carnaval. Nos áureos tempos em que a elite se reunia para falar de política, de futebol e das festas religiosas que acontecem até hoje. Nos dias de hoje, uma vez por ano a elite se reúne para o baile de aniversário da cidade, mas infelizmente o objetivo é de apenas promover os feitos da administração que está no poder e não de se divertir.
         Para a camada mais popular da população havia o Marajó, um salão de “discoteca” que reunia muita gente também. E eram esses dois ambientes que esquentavam o carnaval de salão de Ibiúna, além de organizar grandes blocos que desfilavam pela Rua XV de Novembro, no domingo e na terça-feira de carnaval, atraindo centenas de pessoas. Hoje o carnaval pode até ser bom, mas nunca vai ser como antes.
         No futebol, a grande rivalidade ficava por conta dos times do Guarani e do Treze de Maio. Os campos ficavam lado a lado. O do Guarani permanece até hoje. O do Treze de Maio virou comércio. Este último ficava próximo ao atual Terminal Rodoviário. Hoje não há mais rivalidade no futebol ibiunense. Na década de 1990, dois times quase chegaram a reviver essa rivalidade, o do Machado e do Jardim Áurea, mas não fizeram nem sombra. Não havia mais os dois principais nomes que comandavam o futebol de Ibiúna: o senhor José Mendes e o senhor Marrero.
         E as “figurinhas carimbadas”! Quem não se lembra do padeiro “Paraíba” com seu pão quentinho, fazendo entrega na porta das residências. Quem precisasse de um botijão de gás era só chamar o “Chulepe”. E o seu “João-de-Casa”, com sua tolerância zero. Havia também aquele senhor da célebre frase: “cala a boca e fique quieto”, o seu João do Paiol. Há aqueles nomes mais famosos como Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente do Brasil, José Serra, ex-governador de São Paulo e senador, entre tantos outros que escolheram nosso município para construírem suas chácaras e se refugiarem da vida agitada da grande São Paulo.
         Quanto ao progresso deste município, se é que houve, vale destacar que o prefeito Orlando da Silva foi quem teve a iniciativa de implantar a rede de esgoto na cidade, fazendo com que as residências deixassem de utilizar fossas. Isso ocorreu no início da década de 1980. Foi nesse período também que veio para Ibiúna a fábrica de macarrão da Nissin Miojo. Mais tarde com o prefeito Zezito Falci, é que veio o asfalto para as ruas da cidade e a iluminação pública nas ruas centrais. É isso mesmo! Até então, somente havia pavimentação nas duas ruas centrais. Quando chovia, era só carro encalhado dentro da cidade. Mas a zona rural, mesmo sem asfalto nessa época, ainda era bem mais cuidada do que hoje. Não havia esse terminal rodoviário que temos hoje que parece a Basílica de Nossa Senhora Aparecida, a reforma nunca é concluída. Os ônibus partiam de um mini-terminal que ficava na praça da matriz. Hospital no município, nem pensar. Se houvesse uma emergência, o atendimento era feito somente durante o dia no Centro de Saúde. Já os demais prefeitos prefeitos que administraram o município nada construíram e nem mesmo completaram suas reformas, mas afirmam que contribuíram com o progresso que temos hoje.
         Este é um relato não de um historiador, mas de um simples cidadão ibiunense que ama sua terra e deseja um futuro melhor para todos.

                                                                                                         Por João Pereira Leite











domingo, 25 de março de 2012

Dúvidas da Língua Portuguesa

1.     “Afim” ou “A fim”?


a) “Afim” é um adjetivo e significa semelhante, parecido. Veja o exemplo:

                        Aqueles irmãos têm ideias afins. (parecidas)

b) “A fim” indica finalidade. Faz parte da locução “a fim de”. Veja o exemplo:

                        Naquelas férias, todos estavam a fim de conhecer novas praias.


2.  "Acerca de”, “A cerca de” ou Há cerca de”?


a) “Acerca de” significa a respeito de, sobre. É uma locução prepositiva. Veja o exemplo:

Um grupo de jovens conversava acerca de futebol.

b) “A cerca de” significa aproximação, distância: Veja o exemplo:

            Minha cidade fica a cerca de 70 quilômetros da capital.

c) “Há cerca de” significa tempo decorrido. Veja o exemplo:

            Não vou ao dentista há cerca de seis meses.


3.  “A nível de” ou “Em nível”?


a) “A nível de” é uma expressão popular que deve ser evitada. Não existe esta construção na norma padrão da Língua Portuguesa.

b) “Em nível de” é a única forma aceita na norma padrão da língua portuguesa, mas mesmo assim, deve ser evitada e, se possível substituída. Veja o exemplo:

            A atribuição de aula ocorreu em nível de Diretoria de Ensino. Substituindo ficaria assim: (A atribuição de aula ocorreu na Diretoria de Ensino).

Obs.: Existe também o emprego correto da expressão “ao nível de” quando se quer dizer que duas coisas estão na mesma altura. Veja o exemplo:

            Existem cidades do litoral que estão ao nível do mar. Ou (Existem cidades do litoral na mesma altura do mar).


4.  “A par” ou “Ao par”?


a) “A par” significa estar ciente, informado, prevenido, normalmente é usado com o verbo estar. Veja o exemplo:

            Fabiana não estava a par da semana de prova de seu colégio

b) “Ao par” indica título ou moeda de valor idêntico em relação a câmbio. Veja o exemplo:

                        Hoje, a moeda nacional já parece estar mais ao par do dólar.


5.     “À-toa” ou “À toa”?


a) “À-toa” é adjetivo invariável e significa “fácil”, “desprezível”. Veja o exemplo:

            A atendente da padaria parecia uma profissional “à-toa”, sem qualificação.

b) À toa (sem hífen) é uma locução adverbial e significa “sem rumo”, “sem destino”. Veja o exemplo:

            Seu Américo gostava de andar à toa com seus netos, nos finais de semana.

6.  “Presidenta” ou “Presidente”?


a) “Presidenta” é o feminino de presidente. O uso correto desse termo diz respeito à pessoa do sexo feminino que ocupa esse cargo. Veja o exemplo.

A presidenta Dilma é a primeira mulher a ocupar esse cargo no país.

b) “Presidente” é a designação do cargo. Veja o exemplo:

     O cargo de presidente da República pode ser ocupado por uma mulher.


7.  Bem-vindo”, “Benvindo” ou “Bem vindo”?


Bem-vindo” deve ser empregado em vocábulos quando o termo “bem” vier seguido de vogal ou quando o termo seguinte possuir vida autônoma. Vale lembrar também que é bom ficar atento quanto a sua concordância, como nos exemplos a seguir:

                        O pai sempre pensa no bem-estar de todos os filhos.

                        Seja bem-vindo ao Facebook.

                        Uma boa recompensa sempre será bem-vinda

Os presentes de natal são bem-vindos;

                        As cestas de café da manhã são bem-vindas.

Obs.: O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Academia Brasileira de Letras, registra duas grafias para a forma de sudação: “Bem-vindo” e “Benvindo”. Como o vocabulário tem força de lei, conclui-se que a grafia “Benvindo” também é possível. Já a forma “Bem vindo”, sem hífen, não deve ser empregada.


8.  “Bom-dia” ou “Bom dia”?


Quando se trata de saudações costumeiras do nosso cotidiano, “Bom dia” não deve ter o emprego do hífen. Já quando tal expressão representa um substantivo, geralmente acompanhado de um termo determinante, deve receber o emprego do hífen e flexionar-se dentro do contexto em que é empregado. Veja os exemplos:

                        Bom dia, queridos alunos! (saudação)

                        Sinto saudades dos bons-dias animados da minha infância.


9.  “Costas” ou “Costa”?


a) “Costas” é a parte do corpo humano. Veja o exemplo:

João amanheceu com dor nas costas.

b) “Costa” é a zona litorânea de um país. Veja o exemplo.

Um navio inglês ficou encalhado na costa brasileira. (litoral)


10.   “Em vez de” ou “Ao invés de”?


a) “Em vez de” significa troca, substituição. Veja o exemplo:

                        Em vez de ir ao trabalho, ficou jogando com os amigos.

b) “Ao invés de” indica uma oposição, sentido contrário, inverso. Veja o exemplo:

Ao invés de subir a escada, desceu.


11.     “Há” ou “A”?


a) Usa-se “”, quando se trata de um espaço de tempo que já passou. Veja o exemplo:

                        Aquele jogador já abandonou o futebol dez anos. (Faz dez anos)

b) Usa-se “A” quando se trata de um espaço de tempo que está por vir: Veja o exemplo:

                        A posse no novo prefeito será daqui a vinte dias.


12.     “História”, “história” ou “Estória”?


a) “História” com “H” maiúsculo, refere-se à ciência. Veja o exemplo:

                        Na universidade, o aluno teve aula de História Geral.

b) “história” com “h” minúsculo, refere-se aos demais casos, como narração. Veja o exemplo:              
           
                        As histórias dos contos de fada me encantam.

c) “Estória” com “E”, refere-se também a contos narrativos. Ultimamente esta forma está em desuso.

 Portanto, na dúvida, utilize sempre história com “h” minúsculo que você estará escrevendo corretamente.


13. “Horas” - como escrever a forma abreviada corretamente?


a) Hora redonda, exata deve ser escrita somente com o “h” minúsculo, sem “s”, sem “rs” e sem ponto depois do “h”. Veja os exemplos:

1 hora = 1h

6 horas = 6h

Obs.: As formas 6hs ou 6hrs, como aparecem em muitos cartazes de propagandas estão escritas de forma errada. Esta regra é válida também para abreviaturas como:

            10 metros = 10m (e não 10ms ou 10mts)                

12 litros = 12l (e não 12lts ou 12ls)

b) Hora quebrada, deve ser escrita sem dar espaços entre os números e sem usar ponto depois de “h” e “min”). Veja os exemplos:

14 horas e trinta minutos = 14h30min;

1 hora e 28 minutos = 1h28min, etc.

Obs.: A grafia com dois pontos, como nos exemplos a seguir somente deve ser usada em áreas específicas, como em agendas, competições, em anotações de programação com horários em sequência, etc., e não na escrita padrão.

c) “Horas e o uso da crase” (acento grave). Nesse caso, usa-se a o acento grave (crase) somente quando a preposição “de” vier acompanhada do artigo “a” formando “da”. Veja os exemplos:

De segunda a sexta-feira – “de” – sem o acento grave (crase)

Da segunda à sexta-feira – “da” – com o acento grave (crase)

De 8h a 12h – “de” – sem o acento grave (crase)

Das 8h às 12h - “das” – com o acento grave (crase)


14.   “Imigrante” ou “Emigrante”?


a) “Imigrante” refere-se ao indivíduo que entra em um país, vindo de outro. Veja o exemplo:

                  Os japoneses que vieram para o Brasil são chamados de imigrantes.

b) “Emigrante” refere-se ao indivíduo que sai do país de origem. Veja o exemplo:

                        A família do professor Carlos que morava no Brasil é considerada emigrante, pois foi morar em Portugal.



15.    “Mal” ou “Mau”?


a) Mal” pode ser substantivo ou advérbio.

Como substantivo aparecerá com significado de nocivo, prejudicial, entre outros. Veja o exemplo:

            Desde que nasceu Pedrinho sofre de um grande mal.

Como advérbio estará modificando um verbo ou o próprio advérbio. Pode ter o sentido de irregular, errado. Veja os exemplos:

            Aquele pai mal dava atenção para seus filhos.

            O aluno que não estuda direito, nos dias de prova sempre vai mal.

Obs.: Para não errar na hora do emprego dessa palavra, lembre-se – “mal”, em quase todos os casos é o antônimo de “bem”.

b) “Mau” é um adjetivo e, pode ser também um substantivo. Veja o exemplo:

                        Todo mau exemplo deve ser evitado.

Obs.: Para não errar na hora do emprego dessa palavra, lembre-se – “mau”, é o antônimo de “bom


16.     “Mas” ou “Mais”?


a) “Mas” é uma conjunção adversativa e possui na frase o sentido de oposição. Pode também ser substituído por “porém”, “contudo”, “entretanto”, “no entanto”. Veja o exemplo:

Estudou muito durante o ano, mas não consegui entrar na universidade.

b) “Mais” aparece como advérbio de intensidade ou pronome. Veja o exemplo.

            A China está entre os países mais ricos do mundo.

Obs.: “Mais” geralmente está opondo-se a “menos”.



17.     “Meio-dia e meio” ou “Meio-dia e meia”?

a) “Meio-dia e meio” – Forma incorreta do ponto de vista da norma padrão.

b) “Meio-dia e meia” – forma correta do ponto de vista da norma padrão da Língua Portuguesa. Veja o exemplo:

          Quando o ônibus partiu da rodoviária já era meio-dia e meia. (meio-dia e meia hora).


18.     “Mussarela” ou “Muçarela”?


a)”Mussarela” embora a maioria escreva esta palavra desta forma, ela está errada.

b) “Muçarela” é forma correta. Essa palavra provém do italiano mozzarella. Como há uma convenção ortográfica na Língua Portuguesa que transforma “Z” em “C” ou em “Ç”, como no caso de feliz – felicidade, o duplo “Z” de palavras italianas vira, em português “Ç



19. “Onde” ou “Aonde”?

a) “Onde” indica o lugar em que algo ou alguém está. Pode ser substituído pela expressão “em que lugar”. É utilizado com verbos que indicam estado de permanência. Veja o exemplo:

            Onde você vai ficar hospedado nas próximas férias de julho.

b) “Aonde” indica movimento ou aproximação. Sempre será empregado com verbos que indicam movimento. Veja o exemplo:

            Aonde iremos passar as próximas férias de verão.


20.    “Por que”, “Por quê”, “Porque” ou Porquê”?


a) “Por que” separado e sem acento circunflexo é usado nos seguintes casos:

I. No início de frases interrogativas e quando equivale a “razão”. Veja os exemplos:

Por que você não foi ao encontro marcado?

      II. “Por que” separado e sem acento também deve ser empregado quando, na frase puder ser substituído por “pelo qual”, “pelos quais”, “pela qual”, “pelas quais”. Veja o exemplo:

                        As escolas por que passei me ajudaram a crescer como cidadão. (As escolas pelas quais passei me ajudaram a crescer como cidadão).

b) “Por quê” separado e com acento circunflexo deve ser empregado no final da frase interrogativa quando esta apresentar um ponto final, de interrogação ou de exclamação depois dele. Veja o exemplo:

            Você não foi ao encontro marcado, por quê?


c) “Porque” junto e sem acento circunflexo deve ser empregado quando introduzir uma explicação e uma causa. Veja o exemplo.

            Não foi à escola porque amanheceu com dor de cabeça. (causa)

            Paulo não foi ao encontro marcado porque o seu carro quebrou. (explicação)

d) “Porquê” junto e com acento circunflexo deve ser empregado quando essa palavra for empregada como substantivo e estiver acompanhada por um artigo. Veja o exemplo:

            Não sei o porquê de tanta agressividade.


21.    “Senão” ou “Se não”?


a) “Senão” deve ser empregado em frases que indicam “contrariedade”, “de outro modo”, “mais sim”, “exceto”, “defeito”. Veja os exemplos:

 Estude, senão irás repetir o ano.

Não encontrei nenhum senão naquilo que você realizou.

Todos os jogadores do São Caetano, senão os goleiros, participaram do treino com bola.

b) “Se não” deve ser empregado em frases que indicam “dúvida”, “condição”, “alternância”, “incerteza”. Veja os exemplos:

            Se não tiver certeza que vai viajar no próximo final de semana, me avise. (condição)

           
22.   “Sessão”, “Seção” ou “Cessão”?


a) “Sessão” significa um espaço de tempo de uma reunião, de um espetáculo de cinema, teatro, de uma programação de televisão, etc. Veja os exemplos.

No meu tempo de infância gostava de assistir à sessão da tarde da TV Globo.

Os vereadores discutiram projetos sobre educação na última sessão da Câmara.

Há aqueles que se dizem católicos, mas frequentam sessão espírita.

b) “Seção” significa divisão, ato ou efeito de repartir, parte de uma repartição. Veja o exemplo:

            Gostaria que você fosse até a seção de atendimento ao cliente.

            Nas escolas mais modernas há a seção das salas multifuncionais.

c) “Cessão” é o ato de ceder algo. Veja o exemplo:

            A cessão de seus bens foi bem aceita pela família.

            Para participar dos jogos regionais e poder ser fotografado é preciso fazer a cessão dos direitos de imagens,


23.     “Viajem” ou “Viagem”?


a) “Viajem” (com “j”) é do verbo “viajar”. Portanto toda vez que ocorrer a flexão do verbo viajar na terceira pessoa do plural do modo subjuntivo, deve ser escrito com “j”. Veja o exemplo:

      Queremos que eles viajem em paz.

b) “Viagem” (com “g”) é substantivo. Esse vocábulo vem sempre acompanha de um artigo ou de um pronome. Veja o exemplo:

            A família do professor João fez uma viagem ao Rio de Janeiro.

            Nossa viagem a Florianópolis foi muito demorada.

terça-feira, 6 de março de 2012

Vote em mim que eu te conto!

João Pereira Leite

            Você sabe o que faz um deputado federal? Não? Então, “vote em mim que eu te conto”! Esse foi um dos jargões de campanha do deputado federal mais votado do país em 2010, o Tiririca. E para completar, numa cena de uma das novelas da TV Globo, na época, a personagem Natalie Lamour de "Insensato Coração", no último capítulo da novela ao ser perguntada por seu irmão sobre o que faz um deputado, mostrou que aprendeu muito bem com o Tiririca – “Vote em mim que eu te conto”! – essa foi a sua resposta.
            Da mesma forma que o deputado Tiririca, até então totalmente alheio à política partidária, foi eleito pelo PR (Partido Republicano), por ser famoso, e ter na ponta língua o seu “Vote no Tiririca, pior do que tá não fica!”, a personagem da novela, Natalie Lamour também foi eleita pelo PMP (Partido da Moralidade Pública), com o slogan “pra descascar o abacaxi, vote em Natalie”!
            A grande pergunta é: Por que candidatos com esse perfil estão em alta? Por que o povo prefere votar nesses candidatos e não em outros que já possuem uma carreira vitoriosa na política como acontecia há alguns anos?
            A resposta é simples: o povo já está cansado de tanta enganação e porque não dizer - de tanta corrupção. Então, em vez de votar em políticos que só enriquecem a custa de manobras em obras superfaturadas, compras sem licitações, dinheiro na cueca e contrato de shows com empresas terceirizadas, prefere votar em figuras populares como forma de protesto. E não há perspectiva de mudança, pois quando o assunto é eleição municipal, pelo menos até o presente momento, os nomes dos pré-candidatos a prefeito continuam sendo os mesmos de sempre.
          Há comentários de que existem pesquisas que apontam um determinado pré-candidato na preferência dos eleitores com boa vantagem sobre os demais. Só que esses números são insignificantes, pois se somadas todas as intenções de voto dos entrevistados, não chega a 30% dos eleitores. E o que isso quer dizer? No momento nada, mas mostra que 70% dos eleitores entrevistados ainda estão indecisos e preferem aguardar o surgimento de novos nomes para depois opinar. Isso já aconteceu em eleições anteriores, quando os comentários a respeito de pesquisas apontavam os dois principais candidatos derrotados naquelas eleições como favoritos. E o resultado, todos já conhecem! Ganhou o candidato que ninguém apontava como favorito, ou melhor, que os 70% de indecisos não conheciam ou nem tinham ouvido falar a seu respeito.
            Enfim, se nas próximas eleições não aparecer nenhum “Tiririca” ou nenhuma “Natalie Lamour”, serão esses indecisos que elegerão o próximo prefeito municipal, que provavelmente neste momento, nem seja conhecido da grande maioria da população, ou até mesmo, nunca tenha sido eleito para um mandato eletivo. E se no início da campanha oficial, alguém perguntar a ele o que faz um prefeito, com certeza responderá: “Vote em mim que eu te conto”!

         Observação: Artigo publicado no jornal A Vanguarda de Ibiúna em 02/09/2011.