terça-feira, 6 de março de 2012

15 de outubro, dia do professor

                                                    15 OUTUBRO, DIA DO PROFESSOR                                                                                

    O Dia do Professor foi instituído no Brasil em 15 de outubro de 1827 por decreto do imperador Dom Pedro I em homenagem ao dia consagrado à educadora Santa Tereza D’Avila. Nesse decreto, já havia a promessa de um salário digno e de uma descentralização do ensino público no país. Embora essa data já existisse oficialmente, foi somente em 1947, 120 anos depois que houve a primeira comemoração oficial. E hoje quase duzentos anos depois desse decreto, a grande pergunta que inquieta a todos os educadores é: comemorar o quê?
    Para a maioria dos professores, esse dia era comemorado com muita alegria, pois no decorrer do ano letivo as crianças que frequentavam as escolas sempre demonstravam carinho ao levar flores e maçãs para seus professores. Os pais estavam sempre presentes, eram parceiros e acompanhavam seus filhos no dia a dia da escola. Com muito sacrifício eles compravam todo material e livros necessários para que ocorresse uma aprendizagem de qualidade. Levavam seus filhos no portão da escola e os ajudavam em seus deveres de casa. Hoje, parte dessas famílias está desestruturada e os pais, devido à carga horária excessiva de trabalho, não conseguem mais fazer o acompanhamento necessário.
    O resultado de tudo isso já começa a aparecer nos principais noticiários de TV. Algumas crianças vão para as escolas como se fossem para campos de extermínio e para zonas de combate. O que se ouve e se vê nos meios de comunicação é de tirar o fôlego de qualquer educador. Parte dessas crianças dóceis de anos atrás se transformou em bandidos mirins. Prova disso é o que aconteceu recentemente com uma criança de 10 anos que atirou em sua professora com uma arma de fogo e em seguida se suicidou na frente de outras crianças indefesas.
    Diante dessa realidade, a questão salarial, apesar de muito delicada parece não ser a pior de todas, mesmo um professor tendo que ter dupla jornada para poder ter um salário próximo do ideal, segundo a sua formação.
    A Lei do Piso Nacional da Educação deve ser urgentemente colocada em prática nas esferas federal, estadual e municipal para que a jornada do professor possa ser menos desgastante em sala de aula e ele possa ter mais tempo para preparar e corrigir as atividades dos alunos. É inadmissível que órgãos públicos se recusem a cumprir uma decisão do Supremo Tribunal Federal, aprovado anteriormente no Congresso Nacional e no Senado, alegando falta de verba. O dinheiro público aplicado na qualidade da educação não é gasto, mas sim investimento.
    Para que essa dura realidade possa mudar é preciso que haja uma política pública de valorização da classe do magistério com mais transparência na aplicação das verbas destinadas à educação. E a formação dos educadores nas universidades e em cursos de formação continuada, deve ser voltada para os dados reais levantados sobre a clientela que frequenta a escola pública atualmente e não sobre um grupo de alunos fictícios. Não dá mais para conviver com essa realidade e a da falta de estrutura mínima das nossas escolas públicas. Se isso não mudar, daqui a alguns anos não teremos mais professores para comemorar essa data.


                                                                                                                         Professor João Pereira Leite
                                       Observação: Artigo publicado no jornal A Vanguarda de Ibiúna de 14/10/2011.


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